terça-feira, 14 de julho de 2009

Full bus

Calor humano às vezes é insuportável...
como em um ônibus lotado, por exemplo....

Pequena morena

Não fique rubra pequena morena
não se encabule com meu olhar
se te olho é porque é linda
e de sua beleza nada há pra se envergonhar

Eu que deveria me encabular diante de você 
eu que enfrento tamanha beleza
eu que enfrento tua pouca idade
eu que sou tua presa...

Madrugada insone

A madrugada teimando em passar
me faz pensar... levantar... acender a tv...
ligar um cigarro... procurar alguém...
algum lugar... algo mais...
e assim se vai...
outra madrugada que não se satisfaz...

Equilíbrio alimentar

Tomei baldes de humildade
litros de tristeza
engoli mágoas a seco
as verdades ficaram entaladas...

Agora bebo sinceridade
copos de orgulho
como um pouco de egoísmo
recheado com besteiras

Agora estou melhor alimentado
agora encontrei um equilíbrio
agora estou mais bem nutrido...

As gotas acumulam no vidro

As gotas acumulam no vidro
na proporção que a tristeza acumula aqui dentro
Sua imagem na janela desaparece como o vento
Trago a minha alma encharcada desta chuva
Navego a inundação em minha canoa de mágoas
Sei que fui eu mesmo quem soltou toda esta água
e condensei esta neblina que a visão me turva...

domingo, 5 de julho de 2009

Algum fim de tarde

Numa tarde, em que a brisa te visita
e a baixa luz do Sol poente invade teu quarto,
você sente que envelhece a passos lentos;
tuas recordações sobrevoam tua mente,
como gaivotas retornando aos seus lares;
tua vida passa em um segundo
e parece uma eternidade...
algum dia, em algum fim de tarde...

Open the doors

Evitamos demais, andamos demais para trás,
erguemos muitos muros, fechamos muitas portas,
freamos muito, travamos muito as rodas.
Encerramos nossas mentes em minúsculas
caixas, fechamos demais os olhos, a boca
e os ouvidos.
Caímos no buraco cavado
com nossos próprios pés.
Largue isso... open your mind...
Let's rock tonight...

Viva morte

Pegue morena,
pegue minha alma e leve com você.
Me tire o gosto pela vida, me mate,
mas me mate aos poucos
para que eu aproveite meus últimos
suspiros ao seu lado.
Sorria enquanto sofro,
gargalhe enquanto choro.
Leve meu último clamor
na forma de um beijo,
derrame a última gota de seu
veneno em minha boca, que
sorverei como o melhor
licor... e me deixe morrer
nos seus braços...
em paz...

Não perca tempo

Daqui a pouco... daqui a pouco...
Daqui a pouco uma molécula já se transformou
Daqui a pouco um impulso elétrico já pensou
Daqui a pouco a pupila já dilatou
Daqui a pouco um átomo se mudou
Daqui a pouco um elétron já pulou
Não vês? Quanto tempo já perdemos!?
Não voltará jamais, deste segundo, o yocto que passou...

Like a statue in the sky...

Logo o Sol queima-lhe a fronte
irradia sua beleza em direção aos olhos dos vivos
Só os cegos não podem vê-la
mas creio que possam sentir-la como senti
Sua presença dourada torna as trombetas mudas... obsoletas
Ela caminha com austeridade de rainha
Nariz e olhos acima de qualquer mortal,
cujas cabeças se deixam levar por instinto,
seguindo tamanha beleza como uma criança
atrás de seu maior desejo...
Essa já acendeu meu fogo...

Like a statue in the sky... versão 2

Logo o Sol queima-lhe a fronte
irradia sua beleza em direção aos olhos dos vivos
Só os cegos não podem vê-la
mas creio que possam sentí-la como senti
Sua presença dourada torna as trombetas mudas... obsoletas
Ela caminha com austeridade de rainha
Nariz e olhos acima de qualquer mortal
cuja cabeça se deixa levar por instinto
seguindo tamanha beleza como uma criança
atrás de seu maior desejo...
Ela vai e nem se importa...
"-Morra seca então sua metida!"...
ué!?

Chá de cogumelo (desrrumo)...

Você é meu chá de cogumelo.
Me deixa louco, é irreversível.
Até mesmo sob o Sol amarelo
a sua luz parece invencível.
Mas você me tornou tão cego;
me deixou tão magrelo;
e depois sumiu.
Agora eu ando aos farelos.

Agora eu ando sozinho...

Dead cat

Minha gata não me escuta chamar
Minha gata não me escuta cantar
Minha gata não escuta meu blues
Minha gata não estanca meu pus
Ela me vê ferido e já não liga
Ela me vê fodido e ainda briga
Minha gata não escuta minha voz
Minha gata não pensa em nós
Minha gata não ouve meu clamor
Minha gata agora ri da minha dor
A gata que antes miava
arranhava e mordia
agora nem ronrona mais
Minha gata já não me satisfaz...

Em destruição...

Na minha cama soltérica,
no meio do quarto, sozinho.
O som vem do rádio-relógio
e indica a direção que devo tomar.
A casa nua não tem a mesma cor de antes;
o quarto vazio não tem a beleza de antes.
Seus olhos já não têm o mesmo tom
e os meus se fecham - buscam tua imagem
nas paredes enegrecidas e
nos retratos sobre os móveis
tomados de poeira e mofo.
Busco tuas marcas nos colchões sem lençóis
e nas vidraças e azulejos embaçados,
agora por fungos e sujeira.
Minha sobriedade não tem mais sentido...
esse sentido que tento procurar
nesse vai-e-vem... de boca em boca...
em copos e corpos... de olhar em olhar...
em cada seio quente... de bar em bar...
nos subterfúgios desta vida doentia...

Encontro rápido

Sabemos que será algo faceiro, noturno, rasteiro...
que nos pegaremos como cipós ao tronco
e nos largaremos dali a pouco...
algo ligeiro, soturno, braseiro...
incendiaremos-nos, desejaremos-nos e adeus!
E será a maior diversão...

Meu amor, um oceano

Não te surpreendas com o meu amor -
a inconstância é sua qualidade
Altera-se como as condições do mar
Tem ambos: calmaria e tempestade

De límpida a turva são as águas
possui beira de praia e abismos
curtas marolas e vagalhões mor
e transborda à incessância de sismos.

Serve alimento e também se alimenta
gera brisas, furacões e tormentas
De mãos dadas: o conforto e os perigos

Ao fim, as correntes guiam e se perdem
no vasto azul deste imenso éden
levando e trazendo amores perdidos.

Ônibus carnal

Oh! Incrível ônibus dos bacantes,
leve-nos logo aos nossos dias de glória,
dias do festejo carnal,
dias de abundantes amores fúteis,
que terminam sempre em gozo e alegria.
Nos leve às terras das carnes nuas,
dos desejos externalizados,
dos sonhos a serem perdidos e encontrados.
Nos leve à Era do esquecimento,
da indiferença, da amoralidade
e das mentes sem julgamento.
Oh! Ônibus carnal...
nos leve rápido por estas estradas,
pois não queremos perder nenhum minuto
dos melhores dias do nosso ciclo anual...
os dias de nosso querido, desejado
esperado e amado
Carnaval...

Olhos azuis

Olhos azuis... lhe falarei para onde me conduz...
aos cantos mais recônditos de meus pensamentos,
a um estado de inconsciência, em que perco todos os sentidos
para apurar a visão...
A um ataque de nervos, paralisado tal qual um rato infeliz
em frente aos olhos da serpente, totalmente entregue...
À sensação de estar perante a um mar azul, sob o Sol mais quente
e eu só quero mergulhar...
antes que meu sangue seque...

Fuga da prisão

Quer ajuda para encontrar
o fim da escuridão?
A porta que lhe dará
a saída desta prisão?
Como diz a música:
"Eu acho que sim, você finje que não"
Não se faça de forte,
tão forte você não é...
Já esteve lá e sabe como é bom,
mas insiste em voltar por conta própria
a este lugar vazio e sem tom;
às paredes geladas que lhe fazem tão mal.
Há quanto tempo não vê o Sol?
Sempre amanhece um dia novo lá fora
e daqui você nem nota.
Vamos, não perca mais tempo
da sua vida aqui, em vão.
Se quiser sair é só vir...
Segure minha minha mão.
Aprenda a confiar em mim...
Te darei toda a segurança que for necessária...
e não me olhe com esses olhos desconfiados.
Garanto
Hoje será 
o primeiro dia 
do resto 
de sua vida...