Meu coração rasgado em dois

Meu coração rasgado em dois
Uma parte que fica com o que já tenho
A outra que quer o que vem depois

Meu coração rasgado em dois
Uma parte que quer sentir novos sabores
A outra que ama o feijão com arroz

Meu coração rasgado em dois
Meu coração rasgado em dois

A vida pra mim, o caos representa
Fácil não foi e nem foi tranquilo
Nem mesmo agora, perto dos quarenta

O mundo girando, alheio aos planos
Rasga e mastiga, então cospe e pisa
Destrói as ideias que nós tramamos

Meu coração rasgado em dois
Uma parte que fica com o que já tenho
A outra que quer o que vem depois

Meu coração rasgado em dois
Uma parte que quer sentir novos sabores
A outra que ama o feijão com arroz

Meu coração rasgado em dois
Meu coração rasgado em dois

Nem quero saber a razão de estar aqui
Já pensei demais sem sair do lugar
Agora só quero um tempo para curtir

Alheio aos planos o mundo me quebra
Mostra caminhos que não existiam
Com uma marreta uma peça me prega

E já joga na cara: escolhe o que sois!
Arregalo os olhos, o corpo tremendo
Explode em meu peito,
o meu coração rasgado em dois

Meu coração rasgado em dois
Uma parte que fica com o que já tenho
A outra que quer o que vem depois

Meu coração rasgado em dois
Uma parte que quer sentir novos sabores
A outra que ama o feijão com arroz

Meu coração rasgado em dois
Meu coração rasgado em dois...

O frio que ficou

Sinto saudades do inverno.

Falo do inverno de verdade, 

daquela estação fria e cinzenta. 

Mas não exatamente da estação;

é de nós dois juntinhos no frio,

debaixo das cobertas grossas,

encostando testa com testa

e as pontas dos narizes...

e eu respirava o ar quente 

que saía da sua expiração. 

Me entorpecia com seu CO2

e me sentia seguro e feliz. 

Mas o inverno de agora

não é o da estação fria e cinza.

O frio agora vai fundo na alma

e não há um entorpecente

que consiga trazer acalento.

E mesmo o dia mais quente,

do mais quente dos verões,

não consegue aquecer...

Insana paixão

Teu jeito de me fazer sentir bem, me faz

Concordas com tudo que penso

Enfatizas tudo que falo

Enalteces minhas ações 

Meu ego inflado me faz flutuar

Muito acima do bem e do mal

Me sinto rei

Herói de mim mesmo

E de ti 

Me encantas com leves feitiços

Sorrisos lançados sultilmente

Risadas que ecoam em mim

Teu olhar eu vejo em reflexos

E caminho a passos largos 

em direção à ti: 

Insanidade...

Sangue, suor e gozo

Abro meus olhos com sofreguidão

A respiração, mal consigo controlar 

O corpo sofre cansado, sem ar 

Sinto, na garganta, bater o coração 

Pele rasgada, sinto arderem as feridas 

Parece que, a qualquer nomento, 

Espero a ceifadora fazer sua visita 

Melhoro a visão e te vejo ao meu lado 

Você, tão suada, sofre igualmente 

Já sem forças para qualquer ação 

Parte da minha pele sob suas unhas 

Na sua pele, marca dos meus dentes 

E nesse visual de sofrimento e violência 

O horror mortalmente prazeroso 

E no lençol nem mais se distingue 

O que é sangue, do que é suor 

do que é gozo...