quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Onde você estava na noite passada?

Onde estava você na noite passada?
Em que eu estava sozinho e chorava minhas derrotas...
Onde estava você na noite passada?
Em que eu me encharcava em álcool e me afogava em fumaça...
Onde estava você na noite passada?
Em que eu morria lentamente, sufocado em suspiros de angústia...
Em que eu me arrastava por todos os quartos da lembrança...
Em que em meu peito escorria o sangue de feridas antigas...
Em que minha alma se esvaía do sorriso e da esperança...
Em que minha mente não encontrava sossego o suficiente para fechar os olhos e sonhar...
Onde estava você na noite passada?
Pois tudo o que eu precisava estava naquele lugar...
E ela dançava na ponta dos pés, como se flutuasse nas nuvens,
livre como as aves no céu...

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

O beija-flor

Ah! Pequeno beija-flor!
O que fazes no chão, se ainda
não aprendeste a voar?
Caíste ou foste empurrado
por uma maldosa mãe?
Ah! Pequeno beija-flor!
Não sabes dos perigos que o espreitam.
Não conheces as competições selvagens
que o aguardam, nas quais
serás uma mera refeição.
Não sabes ainda das maldades das enormes
mãos dos homens...
mas aprenderás pequeno beija-flor,
aprenderás
ou morrerás tentando...

A peixinha

Ah! Minha peixinha!
Por que pulaste para fora do aquário?
Quantas vezes avisei para não ires?
Mas não me escutaste...
Ah! Minha peixinha!
Sabes agora o quão ruim é o mundo lá fora.
Conheces o paradoxo da imensidão sufocante.
Minha peixinha, viva em seu pequeno aquário...
e sejas feliz...

A paixão se foi

A paixão se foi, tomou outros rumos.
Está por aí a se encontrar com outros,
pelo mundo afora, em outro estado.
A paixão pensa e a pior parte é
quando isso acontece,
porque paixão quando pensa,
apodrece, seca e morre...

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Relatividade

Ando pelo espaço e volto no tempo
nos caminhos já tantas vezes percorridos
divididos em tantos momentos
se encontram o que vivo e o que já foi vivido

Penso na distância que passou e na que virá
o tempo que percorri e que percorrerei
nos minutos eternizados e na eternidade de alguns minutos...
Caminho anos atrás
passam os caminhos antigos
Aqueles instantes estão todos lá
no mesmo tempo e espaço
e os carrego para sempre comigo

Tempo e espaço, dimensões tão relativas
amantes de físicos atônitos
Na extensão desta estrada
que percorro por poucas horas
caminho por alguns anos atrás...
e passam-se alguns quilômetros...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Ao raiar do meio-dia

As pálbebras fortemente coladas
A visão claramente esfumaçada
O paladar distinguivelmente irreconhecível
A boca amordaçantemente seca
A cabeça latejantemente pesada
A mente relembrando a amnésia
O corpo indiscutivelmente sofre
Teria de levantar cedo e ir à labuta diária
Até acorda... até iria...
Mas analisa...
Acordará melhor...
ao raiar do meio-dia...

Uma planta

Vou me infiltrar em teu corpo, percolar em cada célula,
correr em suas veias, irrigando-te inteira.
Vou atravessar teu coração, vidrar teus olhos,
mudar tua mente... e curar tua alma...

sábado, 7 de novembro de 2009

Lembra quando caminhávamos juntos na praia?

Lembra quando caminhávamos juntos na praia?
As aves, retornando ao lar, passavam rasantes pelas vagas do mar.
A brisa soprava suave da terra, dando à atmosfera singular brevidade.
O céu, refletindo a luz em ângulos obtusos, se repartia em tons alaranjados, vermelhos e azuis.
No horizonte, logo abaixo do Astro-Rei, crescia a sombra de gigantes, que circundavam a extensa planície costeira com austeridade de sábios anciões.
O Sol descia lentamente...
a areia, antes clara e quente, ganhava um tom escurecido e a temperatura de um ser que morre.
Seus olhos escuros ganhavam a dimensão da noite e neles brilhava a luz da lua, que lentamente surgia por trás do oceano...
primeiramente enorme e dourada e, aos poucos, adquirindo o semblante prata...
como um reflexo do dia, iluminava a tudo em seus tons argênteos.
Na superfície do oceano cresciam então as sombras de colossos afogados, dos quais apenas os cumes observam a passagem dos dias.
Nesse momento, nossas almas compartilhavam um sentimento eterno, de valor imensurável, que dispensa qualquer contrato...
Talvez a nossa praia nunca mais tenha tanta intensidade e nem a Lua e nem o Sol brilhem tão belos, e nem o céu se mostre em tons tão amorosos. Mas aqueles momentos existirão sempre em nossas lembranças e a mim essas lembranças sempre trarão você.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Lá vem ela na passarela (abrem-se as covas)

O Sol lhe queimando o rosto...
o vento esvoançando seu cabelo...
Seu longo vestido branco, tremulando,
envolve suas curvas celestiais...
Sua pele bronzeada do verão
tem o tom alaranjado do pôr do Sol...
O olhar decidido encara o horizonte.
Admiro sua beleza sem disfarce -
passa por mim - e, com certo gracejo,
abrem-se duas covinhas em sua face...

Preso à cova

Cá estou eu, novamente, no fundo da cova.
Perdido nesta escuridão que me cerca,
por um elo é que eu enxergo...
a visão de um mundo que pouco se renova.
É tão fascinante a pouca luz que  meus olhos atinge,
que mesmo enquanto tempo e espaço se destorcem,
a obscuridão deste buraco negro não me aflige.
Cativo, inoculado, submisso, sem anseio de livrar-me...
não há como que eu disfarce,
absorto, entregue, rendido, preso,
em cada sorriso, às covinhas de tua face...

Ode à Tes...

A prova de que não é necessário
possuir - para se fazer ouvir - gritos.
Tampouco plumagens coloridas
se precisa para ser visto.

Basta ir-se com seu peito arfante
acima de inscientes humanos.
Com o vento, transcendendo o firmamento,
aonde já repousara tantos planos.

A mais sublime de todas as formas
na simetria mais sublime de todas,
na delicadeza do escuro manto...

O simples no belo tranforma...
Eternamente em vestes de bodas...
Me fascina e sobrevoa... a tesourinha-do-campo

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Na Lua refletimos

É outra noite, a Lua a nós contempla.
Eu aqui, ela lá... distante.
Nós dividimos este instante,
mas quanto espaço nos enfrenta.

A visão da Lua, tão ampla, nos une
e, ao menos por agora,
enxergo tua face q'outrora
me encarava tão imune.

Imune do solitário padecer,
da plangência do miserável,
do descaminho interminável,
que zela pelo desolado ser.

Sentia eu semelhante sorte,
partilhada no passado e no presente,
mas em que a Lua, complacente,
aporta generoso corte.

Neste momento regozijamos
as recordações que dela irradia,
avistando, quem sabe, o dia
designado em nossos planos.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Niki

Correu! Correu como nunca antes houvera.
Em cada pisada um pouco daquele sentimento se esvaía para a Terra, como eletricidade que atravessa os corpos. Em cada pisada aliviava um pouco do peso do mundo, que agora se encontrava em suas costas.
Correu! Correu até fatigar-lhe todos os músculos que possuía. Até que seus pulmões, por mais cheios de ar estivessem, eram ainda insuficientes para alimentar as sôfregas células sanguíneas.
O sangue (tão vivaz!) corava todos os pontos do corpo e corria dentro dele mais do que ele corria. Tingia seus pés, onde encontrava alívio para a pressão e fluía corpo a fora. Em cada passada deixava um pouco de sua vida em manchas de vivo rubror.
Correu! Deixando esses pesos para trás, a ponto de alcançar tal leveza comparável à dos anjos que pairam nos céus. Num grito, de ouriçar os pêlos de um grinfo, de toda carga que carregava sobre a Terra se desfez. E o que era da Terra voltou à Terra, e ele, mesmo faltando-lhe asas, subiu...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Do alto do meu ego

Do alto do meu ego à ela observo,
com isso distraído tropeço no cume.
Nessa longa queda me analiso,
de cima a baixo, caminhos certos,
atalhos errados.
Tudo o que se demora tanto a conquistar
e que se perde na velocidade da luz...

Me acolha em sua chuva gentil

Me acolha em sua chuva gentil,
me dê um último beijo antes de partir.
Leve um pedaço da minha alma
e todo o meu perene sorrir.
O tempo passa lento para nós,
esquecemos o que nos trouxe aqui.

As palavras não fazem mais sentido,
nos protegemos nesta vasta escuridão.
Arrependidos do que não foi vivido,
daquilo que foi perdido em vão.

As noites passam frias e compridas,
o relógio insiste em parar.
E quando durmo é tão difícil sonhar,
mas quando sonho eu só sonho com você
e quando penso eu só penso em você.
Como eu queria te ver...
como eu queria te ter...
como eu queria te ter aqui...
como eu queria...

As palavras não fazem mais sentido,
nos protegemos nesta vasta escuridão.
Arrependidos do que não foi vivido,
daquilo que foi perdido em vão.

Me acolha em sua chuva gentil...

sábado, 29 de agosto de 2009

Mesmo sabendo das consequências

Caminho sozinho à noite
a chuva começa a cair em pingos fracos
mesmo sabendo das consequências
acendo mais um cigarro
Caminho a passos lentos
a rua vazia em tons amarelados da iluminação
o cigarro acaba
mesmo sabendo das consequências
atiro a bituca ao chão
Minha mente desligada do corpo
não se importa com qualquer perigo
a gelada chuva agora cai pesada
mesmo sabendo das consequências
não procuro abrigo
Sinto o ar que gela os pulmões
penso na falta que ela me faz
ela que nada quer comigo
mesmo sabendo das consequências
empunho meu celular e para ela eu ligo

Retrato

Hoje vi em sua fotografia não apenas um retrato,
mas um atentado aos olhos mais puros,
provocação aos olhos mais conservadores,
detenção aos olhos mais apaixonados,
visão aos olhos mais incrédulos,
perfeição aos meus...

domingo, 2 de agosto de 2009

Adeus

Geladas lâminas que atravessam o peito,
um sangramento que não se pode estancar.
Os olhos dela foram o próprio leito,
a fria cama onde fui deitar.

O perfume de suas flores amargas,
o trovão saiu de sua garganta,
a chuva inundou minha alma,
o diabo lenvanta, sorri e canta.

Ela que foi a mim um eterno verão,
de brisas quentes e tempo bom.
O inverno chegou sem pedir,
sem que ao menos eu previsse.

A única palavra que não queria ouvir,
foi a única palavra que ela disse.

Renascimento

Tempos atrás era eu um anjo, porém por capricho cortaste minhas asas.
Caído no limbo, sentado, derrotado, as lágrimas de mágoa escorriam em minha face.
Entretanto, a esperança renasceu, ganhei novo par de asas.
Sobrevôo agora sobre infelizes mortais
com as flamejantes asas de fogo que o diabo me deu...

terça-feira, 14 de julho de 2009

Full bus

Calor humano às vezes é insuportável...
como em um ônibus lotado, por exemplo....

Pequena morena

Não fique rubra pequena morena
não se encabule com meu olhar
se te olho é porque é linda
e de sua beleza nada há pra se envergonhar

Eu que deveria me encabular diante de você 
eu que enfrento tamanha beleza
eu que enfrento tua pouca idade
eu que sou tua presa...

Madrugada insone

A madrugada teimando em passar
me faz pensar... levantar... acender a tv...
ligar um cigarro... procurar alguém...
algum lugar... algo mais...
e assim se vai...
outra madrugada que não se satisfaz...

Equilíbrio alimentar

Tomei baldes de humildade
litros de tristeza
engoli mágoas a seco
as verdades ficaram entaladas...

Agora bebo sinceridade
copos de orgulho
como um pouco de egoísmo
recheado com besteiras

Agora estou melhor alimentado
agora encontrei um equilíbrio
agora estou mais bem nutrido...

As gotas acumulam no vidro

As gotas acumulam no vidro
na proporção que a tristeza acumula aqui dentro
Sua imagem na janela desaparece como o vento
Trago a minha alma encharcada desta chuva
Navego a inundação em minha canoa de mágoas
Sei que fui eu mesmo quem soltou toda esta água
e condensei esta neblina que a visão me turva...

domingo, 5 de julho de 2009

Algum fim de tarde

Numa tarde, em que a brisa te visita
e a baixa luz do Sol poente invade teu quarto,
você sente que envelhece a passos lentos;
tuas recordações sobrevoam tua mente,
como gaivotas retornando aos seus lares;
tua vida passa em um segundo
e parece uma eternidade...
algum dia, em algum fim de tarde...

Open the doors

Evitamos demais, andamos demais para trás,
erguemos muitos muros, fechamos muitas portas,
freamos muito, travamos muito as rodas.
Encerramos nossas mentes em minúsculas
caixas, fechamos demais os olhos, a boca
e os ouvidos.
Caímos no buraco cavado
com nossos próprios pés.
Largue isso... open your mind...
Let's rock tonight...

Viva morte

Pegue morena,
pegue minha alma e leve com você.
Me tire o gosto pela vida, me mate,
mas me mate aos poucos
para que eu aproveite meus últimos
suspiros ao seu lado.
Sorria enquanto sofro,
gargalhe enquanto choro.
Leve meu último clamor
na forma de um beijo,
derrame a última gota de seu
veneno em minha boca, que
sorverei como o melhor
licor... e me deixe morrer
nos seus braços...
em paz...

Não perca tempo

Daqui a pouco... daqui a pouco...
Daqui a pouco uma molécula já se transformou
Daqui a pouco um impulso elétrico já pensou
Daqui a pouco a pupila já dilatou
Daqui a pouco um átomo se mudou
Daqui a pouco um elétron já pulou
Não vês? Quanto tempo já perdemos!?
Não voltará jamais, deste segundo, o yocto que passou...

Like a statue in the sky...

Logo o Sol queima-lhe a fronte
irradia sua beleza em direção aos olhos dos vivos
Só os cegos não podem vê-la
mas creio que possam sentir-la como senti
Sua presença dourada torna as trombetas mudas... obsoletas
Ela caminha com austeridade de rainha
Nariz e olhos acima de qualquer mortal,
cujas cabeças se deixam levar por instinto,
seguindo tamanha beleza como uma criança
atrás de seu maior desejo...
Essa já acendeu meu fogo...

Like a statue in the sky... versão 2

Logo o Sol queima-lhe a fronte
irradia sua beleza em direção aos olhos dos vivos
Só os cegos não podem vê-la
mas creio que possam sentí-la como senti
Sua presença dourada torna as trombetas mudas... obsoletas
Ela caminha com austeridade de rainha
Nariz e olhos acima de qualquer mortal
cuja cabeça se deixa levar por instinto
seguindo tamanha beleza como uma criança
atrás de seu maior desejo...
Ela vai e nem se importa...
"-Morra seca então sua metida!"...
ué!?

Chá de cogumelo (desrrumo)...

Você é meu chá de cogumelo.
Me deixa louco, é irreversível.
Até mesmo sob o Sol amarelo
a sua luz parece invencível.
Mas você me tornou tão cego;
me deixou tão magrelo;
e depois sumiu.
Agora eu ando aos farelos.

Agora eu ando sozinho...

Dead cat

Minha gata não me escuta chamar
Minha gata não me escuta cantar
Minha gata não escuta meu blues
Minha gata não estanca meu pus
Ela me vê ferido e já não liga
Ela me vê fodido e ainda briga
Minha gata não escuta minha voz
Minha gata não pensa em nós
Minha gata não ouve meu clamor
Minha gata agora ri da minha dor
A gata que antes miava
arranhava e mordia
agora nem ronrona mais
Minha gata já não me satisfaz...

Em destruição...

Na minha cama soltérica,
no meio do quarto, sozinho.
O som vem do rádio-relógio
e indica a direção que devo tomar.
A casa nua não tem a mesma cor de antes;
o quarto vazio não tem a beleza de antes.
Seus olhos já não têm o mesmo tom
e os meus se fecham - buscam tua imagem
nas paredes enegrecidas e
nos retratos sobre os móveis
tomados de poeira e mofo.
Busco tuas marcas nos colchões sem lençóis
e nas vidraças e azulejos embaçados,
agora por fungos e sujeira.
Minha sobriedade não tem mais sentido...
esse sentido que tento procurar
nesse vai-e-vem... de boca em boca...
em copos e corpos... de olhar em olhar...
em cada seio quente... de bar em bar...
nos subterfúgios desta vida doentia...

Encontro rápido

Sabemos que será algo faceiro, noturno, rasteiro...
que nos pegaremos como cipós ao tronco
e nos largaremos dali a pouco...
algo ligeiro, soturno, braseiro...
incendiaremos-nos, desejaremos-nos e adeus!
E será a maior diversão...

Meu amor, um oceano

Não te surpreendas com o meu amor -
a inconstância é sua qualidade
Altera-se como as condições do mar
Tem ambos: calmaria e tempestade

De límpida a turva são as águas
possui beira de praia e abismos
curtas marolas e vagalhões mor
e transborda à incessância de sismos.

Serve alimento e também se alimenta
gera brisas, furacões e tormentas
De mãos dadas: o conforto e os perigos

Ao fim, as correntes guiam e se perdem
no vasto azul deste imenso éden
levando e trazendo amores perdidos.

Ônibus carnal

Oh! Incrível ônibus dos bacantes,
leve-nos logo aos nossos dias de glória,
dias do festejo carnal,
dias de abundantes amores fúteis,
que terminam sempre em gozo e alegria.
Nos leve às terras das carnes nuas,
dos desejos externalizados,
dos sonhos a serem perdidos e encontrados.
Nos leve à Era do esquecimento,
da indiferença, da amoralidade
e das mentes sem julgamento.
Oh! Ônibus carnal...
nos leve rápido por estas estradas,
pois não queremos perder nenhum minuto
dos melhores dias do nosso ciclo anual...
os dias de nosso querido, desejado
esperado e amado
Carnaval...

Olhos azuis

Olhos azuis... lhe falarei para onde me conduz...
aos cantos mais recônditos de meus pensamentos,
a um estado de inconsciência, em que perco todos os sentidos
para apurar a visão...
A um ataque de nervos, paralisado tal qual um rato infeliz
em frente aos olhos da serpente, totalmente entregue...
À sensação de estar perante a um mar azul, sob o Sol mais quente
e eu só quero mergulhar...
antes que meu sangue seque...

Fuga da prisão

Quer ajuda para encontrar
o fim da escuridão?
A porta que lhe dará
a saída desta prisão?
Como diz a música:
"Eu acho que sim, você finje que não"
Não se faça de forte,
tão forte você não é...
Já esteve lá e sabe como é bom,
mas insiste em voltar por conta própria
a este lugar vazio e sem tom;
às paredes geladas que lhe fazem tão mal.
Há quanto tempo não vê o Sol?
Sempre amanhece um dia novo lá fora
e daqui você nem nota.
Vamos, não perca mais tempo
da sua vida aqui, em vão.
Se quiser sair é só vir...
Segure minha minha mão.
Aprenda a confiar em mim...
Te darei toda a segurança que for necessária...
e não me olhe com esses olhos desconfiados.
Garanto
Hoje será 
o primeiro dia 
do resto 
de sua vida...

terça-feira, 30 de junho de 2009

Um suave nascer do Sol na praia

Um belo sorriso fácil,
me encantou seu olhar amendoado;
longos cabelos negros cacheados,
lançando seu perfume sobre a pele
clara e deliciosamente linda.
Um perfume inebriante.
Um capricho da natureza...
jeitinho de moleca, fascinante.
Explosões imprevisíveis,
olhares inexplicáveis.
Boca de poucas palavras,
mas uma língua incontrolável
e lábios macios,
que lembram 
um suave 
nascer 
do Sol 
na praia...

Dois estranhos no fim da noite...

No fim da noite te encontro... tua alegria passageira já passou
o teu momento de êxtase se foi... tuas lágrimas já secaram
tua mágoa se evaporou

No fim da noite olho teus olhos cansados... encaro teu corpo
que mal se sustenta... e teus lábios por álcool e fumaça ressecados

Nesse rouco fim de noite, dois estranhos se encontram
e deleitam-se em seus últimos suspiros por vida...

Ballroom days are over

O mundo das fábulas e do algodão doce já está enegrecendo pela escuridão que doma aos poucos seu antigo céu de brigadeiro.
É a procissão do tempo, dos sonhos que se desmancham como jornal no oceano. Tudo vira uma massa cinzenta. Todas as flores têm espinhos. Todos os caminhos têm pedras e abismos.
Tens ainda o vivo rubor em sua face, porém o tempo continua... e pela frente terás de enfrentar os monstros que desejarão te devorar e deles escolherás os menos piores para te acompanhar...

My eyes have seen you

Vejo você parada, enquanto chamo
Peço que entre, enquanto você permanece
Que suba as escadas, mas você só desce
Perca o medo, mas ele só cresce
Me mostre algo mais, porém se esconde.
Te procuro, mas foi pra onde?...
Quem se apaixona por uma aventura
se perde na desventura de ter sido apenas uma aventura...
e nada mais...

Nós

Esperamos que o nosso mundo sobreviva, enquanto o barco afunda.
Que a natureza seja piedosa, enquanto a chutamos na bunda.
Ensaiamos uma vontade de mudar, mas no fundo nada muda.
A chuva cai, o mar imunda.
A seca pega, o Ariano sua a sunga...

Agora passou

De todas as coisas que dizem os poetas:
cobrir o mundo com flores e diamantes,
buscar a Lua, o céu e as estrelas -
e oferecer à mais amada das amantes -,

enfrentar dragões e monstros,
cruzar os oceanos a nado,
todos os desafios impossíveis,
como um simples gesto de agrado.

Todas essas coisas e mais te daria...
daria minha vida para uma febre te curar,
mas não se importou quando podia.

Não retribuiu meus esforços e meu amor.
Agora passou, fique com teu cinzento céu,
tua Lua suja de sangue e teu peito a arfar de dor...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Momentos eternos

Trêmula, eu entre suas coxas
o sorriso mais gostoso dessa vida.
Brilham os olhos e os lábios
sua mão acaricia minha barriga

quinta-feira, 2 de abril de 2009

GLORIA

Parada na minha porta
como um osso marcando em frente a um cachorro
Beiços lambidos
o osso me fita
Cai o cabelo
Caem as vestes
Ela caminha
em torno da cama
sobe no colchão
em minha direção
engatinha
Ela mia, late e morde
sabe morder... arranha e lambe
Sobe e manda ver
Seios tenros, quantos anos tens?
Quanta coisa sabe?
Disto... sabe muito, com certeza
Suas pernas em torno do meu pescoço
Sua língua em minha barriga
E descendo, descendo, descendo
Isso sim, é disso que eu tô falando
Seus lábios em torno de mim
Isso me faz tão bem
Ela sabe agradar
E me faz sentir nas nuvens...
Oh! Glória!

Noite dionisíaca

Taberneira, traga uma garrafa de vinho
vou comemorar a volta de meu bem
Se ela não voltar, comemorarei que ela não vem
Hoje não é dia de embestar
encherei meu copo, me entregarei aos deuses do vinho,
das canções, dos teatros, dos amores, festejarei com errantes e perdidos
Comemorarei a chegada de meu bem ou comemorarei que ela não vem
Uma noite será pouca, tragam mais vinho e mais gente.
Me afogarei em copos e corpos, em tintos e bocas.
Direi adeus ao meu amor ou lhe fornecerei meu calor
Não importa, vou festejar...

Vícios

Me apego ao cigarro
me apego à bebida
me apego ao café amargo
eu não tenho você do meu lado
Voce é meu vício maior
você sabe cuidar de mim
me apego à todos esses vícios
Sem você, só espero
O fim...

A última

Ouviremos reggae
dançaremos juntos ao luar
em torno do fogo faremos nossas preces
dormiremos como crianças na areia da praia
viveremos nossa última noite de amor à beira do mar
Faça a noite surgir a Lua
faça o dia surgir o Sol
nós nunca estaremos prontos
para o ponto final...

Um olhar

Eu vejo você caminhando entre reles mortais, passando com sua aura fantástica no meio da nebulosa multidão. Só os seus olhos me atraem, só suas curvas me deliciam, só o seu andar me contempla. Só sei te ver, você nem sabe...
'O suor dela esfria e seca na cama de novembro' - Dr. Manhattan (Watchmen)

Sobre cigarro

Agora, me inebrio na fumaça de meus próprios cigarros,
emergindo em meus sentidos a fumaça de teus cigarros...
Agora, me afogo na minha neblina,
trazendo à tona o sabor mentolado de tua neblina...
Um trago...teu rosto...dois...teus olhos...três...tua boca... Ah!... o maço inteiro...
Meu vício saboroso...o câncer que me cura...você...

Amor eterno

Pegarei o ônibus da partida, da despedida, do até mais ver. Quero que a semana dure, que o tempo pare, que nossas danças se eternizem.
Choraremos a dor da despedida, sorriremos cada segundo de prazer, brindaremos cada ínfimo instante de nossas memórias.
Teremos um ao outro, talvez pela última vez neste tempo contínuo. Mas teremos um ao outro para sempre nas sinapses de nossas mentes... na construção de nossos seres.
Inesquecível, interminável, intocável, intrínseco, inseparável...

Gray Bus

Latas de sardinha passam na minha frente. Abarrotadas até a boca.
O cansaço se torna perene. Não temos muita escolha.
Quando elas vêm, vêm transbordando. Quando acabam-se os corpos, elas não vêm mais.
É tudo uma exaustiva dança. Espera, passa, pega, espreme, pernas, bocas, braços e adendos.
No fim, mais uma sardinha sai aliviada no caminho de casa.
É preferível estar livre para morrer, do que viver enlatado...

Blood in the streets

O sangue que escorre nas ruas vaza dos poros cansados de suar. Pessoas exaustas em seus pequenos mundos de metal, plástico, borracha e estofado.
Olhos cansados de lacrimejar tanta fumaça e reflexo de vidraças. As ruas transbordam deste sangue que perdemos de graça, além daquele que damos para sobreviver.
Dos ouvidos vazam os motores, as buzinas e as sirenes, que ecoam em nossos cérebros quase liquefeitos.
Das gargantas e narizes escorrem os gritos diários e o seco ar de concreto armado. É este sangue que preenche as ruas. É este sangue que nos afoga.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Aproveite

Aproveite os dias de hoje
Aproveite para pisar no cidadão ao seu lado
Aproveite para esmagar seus adversários e os inocentes
sem sofrer por isso retaliação
Aproveite para destruir oponentes
Aproveite para desgraçar famílias e acabar com vidas
e ser por isso premiado
Aproveite os dias de hoje amigo
pois eles acabarão...

A dança

Sua boca beija a minha como o mar beija a praia
Seus olhos espelham os meus como o oceano espelha o céu
Seus seios tocam o meu peito como as ondas tocam o fundo
Seus sussurros soam aos meus ouvidos como a brisa e as ondas quebrando
Seu quadril alinhado ao meu formam o horizonte
A mais perfeita harmonia surgida do caótico encontro de diferentes corpos...

Sobre café

A vida se amarga junto com o café que tomamos...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Eu

Estou perdido em algum lugar entre a consciência e o subconsciente, com o alter-ego dando uns chutes no meu rEgo...

Land no!

Navegar... pegar a rota dos alísios em direção à alma, de vento em popa,
buscando o cais de partida do qual me perdi.
Derrota de muitos perigos, piratas, calmarias, tempestades e vagalhões...
Muito tempo ao mar, alucinações e desinterias...
Mais solitário que um ronin, mais desafortunado que Sir Shackleton...
Sólido horizonte, onde estás?
Montanhas e marcos que me guiarão à segurança, onde estarão?
Será que meu cais ainda está lá?
Ou desmanchara-se em restos retorcidos pela ação das vagas e não mais poderei atracar?...
Por enquanto sigo... a navegar...

Fotografia

Você vinha em minha direção
Sol de verão
pele bronzeada
cabelos negros esvoaçando ao vento.
Você parou.
Parou em minha mente
imortalizou.
Não fugirá mais de mim
pelo menos não nesta noite...

Hug me

Ela é simples, simplesmente linda,
com a simplicidade de uma orquídea e beleza semelhante.
Seus belos olhos de rapina e sorriso apaixonente.
O seu corpo me fascina, o seu busto é estonteante.
Ginga como uma filha da África, caminha como uma felina,
morde como ninguém mais.
Não imagina a falta que seu abraço me faz...

Bite me

Ela é simples,
simplesmente linda,
com a simplicidade de uma orquídea 
e beleza semelhante. 

Belos olhos de rapina 
e sorriso apaixonante. 
O seu corpo me fascina, 
o seu busto é estonteante. 

Ginga como uma filha da África, 
caminha como uma felina, 
morde como ninguém mais...

Eterna dança

Nos abraçamos na areia
no movimento das ondas
embalamos nossa dança
Vivemos por um tempo
livres de tudo
esfarelamos ao vento
toda a dor e angústia
Vivemos naquele momento
toda a eternidade

Minha alma agora pulsa
minha dor já é passado
meu peito agora sabe
tenho você ao meu lado
Sua luz até me ofusca
tenho dito e é verdade
você agora é que me guia
para toda a eternidade...

Simples

Trago você em minha mente
e em noites frias e tristes
minha alegria faria-se simples
com um beijo seu
e um abraço, somente...

Eterna

Passam os dias
passam as horas
passam os carros
passam as pessoas
mas você fica
Está guardada em mim
Passa o tempo
passa o vento
passa a chuva
e você ainda está aqui
jogando cartas dentro de mim
Passam as músicas
passam as tardes
passam as noites
e você vem me visitar
Passam as saudades
tudo passa
e você fica
Ficará para sempre comigo...

Palidez

Parto sem me despedir direito, no enorme ônibus da solidão, com sede, com fome, sem você... 
Não a vejo nem olhando para trás. 
No horizonte, um imenso arco de nuvens separa o breu de um céu claro de azul-alaranjado um tanto quanto pálido. 
É como minha alma, caindo sua pálida luz em direção ao breu da solidão. 
O amargo fim de um belo dia ensolarado por sua presença...