quarta-feira, 30 de junho de 2010

Como se explica?

Um sorriso se desintegra,
uma imagem que agora alimenta os vermes,
tocam-se as sete notas da morte,
os anjos dizem amém...

Em seu peito
dois furos esfumaçantes,
por onde esvaía o ar e inundava o sangue...

Dos berros ecoados na escuridão,
ressoava a agonia do chumbo quente
friccionando os ossos...

Voaram pelo ar supersônicas,
pequenas gotas de metal
como infalíveis batedores de uma comitiva fúnebre,
conduzindo com destreza a foice da morte...

De um instantâneo pensamento mortal,
à velocidade da luz,
os impulsos elétricos das sinapses contraem o seu indicador,
indicando o estalar dos estampidos fatais...

"Muié-de-malandro"

Sou o receptor de suas agonias, o para-raio de tuas angústias.
Me atravesse com seus intensos pulsos de raiva,
descarregue sua energia nervosa.
Sou um transformador de dores,
no qual o amargor que te murcha a cara pode ser despejado.
Sou aquele que receberá com a face exposta o tapa mais aceso
e devolverá os beijos mais sinceros...
Não está na beleza...
está num sorriso, está num olhar, está numa dança colada
está no toque das peles...