domingo, 19 de junho de 2011

Paladar matutino

O sabor da boemia se espalha pelo quarto -
o cigarro mentolado, entrosado
com o teor alcoólico da atmosfera,
pela manhã, se enrosca com o aroma
do café recém-passado
- e o passado permeia todo o ambiente e,
dos doces aos cítricos aromas,
todos os sabores e olores na minha mente.

Este é o gosto do meu amanhecer,
amarrotando o paladar
nas eternas manhãs,
que nascem distantes de você...

Fome

Já estive tão bem
e agora quase morro de fome.
Um homem que mal permanece em pé -
um homem que há muito não come.
A força se esvai, o pensamento desliza,
a inanição desvirtua o moral, dissipa
os conceitos
e os valores se perdem...

terça-feira, 7 de junho de 2011

Quem não boia se afoga na nova era

O concreto no céu espelha
Narciso renasce e se esmera
O amor agora enterra
A paz se degenera

Tantas batalhas por essa Terra
Nos telhados o urubu espera
Sorri a Morte tão megera
E o ser humano nunca erra?!

Distância

A fotografia se faz em punhal
- sangra o peito.
O perfume se faz em prisão
- e sou detento.
A lembrança se faz em tormenta
- ruge o vento.
E a distância se faz em tristeza
- esfria o leito.