sexta-feira, 16 de novembro de 2012

domingo, 4 de novembro de 2012

Sonho de consumo ou consumo dos sonhos?!

Sonho de consumo:
eterno preâmbulo para o
consumo dos sonhos.
Sonhos que se desfazem
com o tempo - quebram,
esfarelam e enferrujam.
Sonhos que são tão finitos
quanto o espaço que ocupam;
que não servem a um bem maior.
Sonhos que não são divididos,
mas que dividem
dividem classes
dividem culturas
dividem pessoas
dividem a Humanidade.
Sonhos que são criados
e que também criam
criam obsessões
criam egoísmo
criam inveja
criam batalhas
criam ignorância.
Esses sonhos justificam
os meios e os extremos e
até explicam as margens,
mas não as compreendem.
Não haveriam sonhos melhores para se sonhar?
Não existem lugares melhores do que os comuns?
Haverá o tempo em que se busque a paz?
Em que se busque igualdade, liberdade e
fraternidade?
Talvez, só em sonhos...

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Meu machismo (E me calo com a boca de feijão)

Por cinco dias da semana ela acorda,
amamenta, cuida, troca fraldas,
faz almoço, lava louça, arruma a casa
e sempre me recebe com um sorriso
e um beijo na boca.
É por óbvio motivo que merece
um descanso, um carinho,
um mimo, um passeio,
um café na cama
no fim de semana,
e palavras gentis.
O meu machismo impera assim...

Relatividade do pensamento

Já me perdi e já me encontrei
e sinto que ainda tenho tanto para me perder
e me encontrar novamente.
O passar do tempo nada mais serve do que para repetir os padrões,
mas em escalas diferentes... escalas temporal, espacial, pessoal, social...
O mundo dá voltas e volta praticamente ao mesmo lugar.
Até o dia em que poderá o acumulo de pequenas mudanças e ideias
levar a uma verdadeira transformação, transformando todas as escalas
e mudando toda a relatividade conhecida e desconhecida;
relativizando o sentimento
e curvando sua gravidade
perante o tempo...

sexta-feira, 11 de maio de 2012

"Nós que aqui estamos, por vós esperamos"

Sob a escura sombra do tristonho salgueiro,
mui tranquilo e sereno descanso o meu ser.
Toda minha vida paira acima de mim,
resumida a uma frase que não posso ler.

Ao meu redor, um tenro solo temperado
com muitas lembranças alegres e vis dores
- sinto-as na umidade, no cheiro e no sabor
da nua terra, salgada pelos meus amores.

Por agora, sossegado, somente aguardo
(exalando pelos poros a minha vida;
expirando por outras vidas o meu fardo):

cumprirem-se as rotas a este repouso ambívio
e o tempo cumprir, lentamente, sua medida,
recostando bons pares ao nosso convívio.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Diagênese

Não te lembrarás de quando eras vômito e ansiedade.
Quando tua existência era confundida com doença.
Quando eras apenas um pingo de história.
Não te privarei da verdade: nasceu filho da sacanagem,
enolado em barril de amor.
Terás em ti a saúde, a doença, o vinho,
a água, o sangue, o suor, os beijos, os olhares,
as risadas, a secura, o oceano...
Resumirá a tudo isso e mais; e tudo mais se resumirá em ti...

Das coisas secundárias

A disputa para ver quem tem o maior pau é tão grande que muitos esquecem a função dele...

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Matando a revolução

Esperança: no Brasil
uma abundância;
à espera da saúde;
à espera da segurança;
à espera da educação;
à espera de encher a pança.
É um excesso de crença:
crença na Futura Paz;
crença na Justiça Divina;
crença no Amor Eterno;
e no Eterno Sofrimento (para quem mereça).
Crer, acima de tudo Crer, exceto em nós.

Esperança: a espera por mudança;
a mais muda dança
no baile por um mundo melhor...

sexta-feira, 16 de março de 2012

A dança II

Quero sentir do teu amor
Teus belos lábios molhados

Teus olhos semi-serrados

De tua expiração o calor


N’outros lábios me afogarei

Lentamente inspirará

C’os lábios não vou parar

Até sentir que te embalei


Colados vamos dançar

Ao som da respiração

No suave ritmo do mar


Ao fim, como tsunamis

Todo amor dentro de nós

Devastará os certames...

quinta-feira, 8 de março de 2012

A Casa do Som Nascente

De seus ouvidos o sangue já escorria -
penetrava nas costeletas tão bem aparadas
e que fazia questão de manter - mas já não importava.
Estava em transe tamanho, num contínuo estado de êxtase,
maior que qualquer indução sinteticamente alucinógena.
Seguia as batidas, a marcação, as variações e todos os efeitos,
lançando-se, ao ver, lancinante sobre os próprios pés.
E o mundo gira, a vida gira, o corpo em clima,
a mente em pira.
E desfaleceu, como se a alma houvesse encontrado
o reino da paz e da harmonia e
quisesse nunca mais voltar...